quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

monalisa

são oito anos, longos e felizes. mas eles acabaram e só te restam lembranças. felizes por sinal. nove de janeiro de 2011, você está com os fones, óculos escuros, quase dormindo no carro, olhando a paisagem tão entediadora. você ouve um grito abafado e em seguida escuta: 'a giovana vai desabar.' você arranca os fones imediatamente, e senta-se num pulo no banco. você escuta a notícia, ela morreu. seus olhos enchem de lágrimas imediatamente, mas você procura não demonstrar, apenas deixa elas percorrerem seu rosto calmamente. eles olham pasmos pra você esperando mais, mais tristeza da sua parte, mas ninguém sabe como você se sente por dentro. você pede para te contarem a história desde o começo, e escuta com atenção. aconteceu no dia 24 de dezembro, e esconderam de você desde então. ela morreu dormindo, e no dia anterior, estava feliz. ela sempre foi feliz. não tira os óculos escuros, nem nas paradas para comer ou ir ao banheiro, sempre a mesma expressão no rosto: nada, só tirá-os quando poem os pés dentro de casa. está tudo tão igual, tão real, como se nada tivesse acontecido. você corre a abre todas as portas, procura em cada cômodo da casa. ela não está lá, e não vai voltar. você vai para o seu quarto, pega o telefone e liga para uma amiga. procura companhia para os próximos dias, até você não aguentar mais. todos esses dias, sem o mínimo de privacidade, você soube separar as coisas. riu e brincou. cinco dias se passam, você está sobrecarregada, e não pode contar a ninguém. pega o celular e liga para virem te buscar. chega em casa de novo. vê a casa vazia de novo. vê você com a expressão 'de nada' no rosto, de novo. entra no seu quarto, seu mundo, onde você pode chorar o quanto for preciso. senta se na cama, acabada. olha para os lados e lembra de todos os momentos junto a ela que aconteceram ali. você sente ela em seus braços, sente seu toque em você. olha as fotos, o momento chegou, não aguenta mais. você chora. a cada suspiro é como se você precisasse de o dobro de ar para respirar, a cada soluço é como se tirassem parte do seu peito. toda a dor, em parte foi colocada para fora. mas ainda tem muito mais. algo que vai durar até a sua morte, as lembranças sempre vão fazer você chorar ou sorrir. você sabe agora qual é a dor da perda, e sabe o significado da famosa frase que diz: 'é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã'. talvez não haja amanhã, pois nada dura pra sempre. tudo tem um fim. menos as lembranças. você olha para as fotos novamente, para de chorar e sorri. parte do que te faz feliz não foi embora, apenas se mudou para dentro de você. e isso sim, vai durar.

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